É um facto que o meu comportamento neste blog nos últimos tempos é como o comportamento da maioria dos americanos na vida real - um pouco desleixado, sem muita vontade para fazer alguma coisa, vivendo à sombra do crédito que nunca mais acaba - no meu caso, do simples envio de fotos para o blog - tanto mais que uma imagem vale por mil palavras. Assim, do nada, imagino que nestes últimos tempos já escrevi um livro só com os últimos posts (não é a bolha imobiliária, mas a bolha fotográfica).
Mas passados alguns meses desde que cá estou começo, com outro sentido mais crítico, a aperceber-me das grandes diferenças entre ser Europeu e Americano. E tomar a noção que o caminho seguido por estes dos sujeitos, iniciados há algumas décadas, é muito diferente e com resultados igualmente distantes.
A simples noção de eficiência energética não chega a este lado do lago. Acham que não precisam pois para os Americanos os recursos, que devem vir de algum lado, são inesgotáveis e com certeza que lhes deve pertencer por direito. Já dizia o official spokeman da Casa Branca no tempo do George W. Bush, quando questionado sobre se o consumo energético per capita de um americano (o mais alto do mundo desde sempre) não lhe traria problemas futuros, que este era o American Way of Life e que deveria ser objectivo dos políticos proteger este meio de vida abençoado (!).
Em tempos li esta frase que gravei-a no iphone para nunca mais me esquecer: Green is not simply a new form of generating electric power. It's a new form of generatin national power. Period.
Para estes senhores deve ser difícil entender que quanto mais gastarem no petróleo e menos nas
renewable energies mais voz dão aos povos com que partilham mais diferenças ideológicas. E neste ponto, estes senhores estão a anos luz da Europa. Máquinas electricas, carros, e outros aparelhos são do mais ineficiente que se possa imaginar. Conseguem-me decifrar o que faz alguém comprar um BMW com 5.000 cm3 para andar na cidade e não poder andar a mais de 110km/hora nas autoestradas, com consumos que chegam aos 28 litros aos 100km? Eles adoram...
A questão do direito à saúde não lhes alcança a vista. Falência pessoal e familiar por uma apendicite? E então, porque não? Pois claro, o custo de saúde per capita mais elevado dos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento está aqui nos EUA. E mais de metade da população não tem o seguro básico para aceder ao regime minímo de saúde.
E a noção de que o mercado tem sempre razão e o Estado não é muito profunda. Investimento público é uma abstracção. Comparar qualquer infraestrutura aeroportuária e ferroviária com o que a Europa oferece é mera brincadeira. Aeroporto JFK com o de Frankfurt? Penn Station em New York com a estação de comboios de Berlim? Comboio a alta velocidade (que só existe nesta Costa) Acela com o TGV? Autoestradas na Flórida com as da Alemanha (até podem ser as nossas)? Até vão achar que quem perdeu a II Guerra Mundial foram eles...
A única coisa boa que a "ameaça vermelha" fazia aos Americanos nos tempos da Guerra Fria era que os obrigava a serem mais inteligentes que os outros. Mas desde que deixaram de ter competição, os Americanos tornaram-se desleixados e complacentes.
Não tenho dúvidas que a Europa, neste momento, encontra-se a dançar o vira do Minho num passo muito mais acertado que os Americanos, especialmente em áreas bastante fundamentais, como a energia, segurança social e transportes. Mas bem sabemos que este país, a partir do momento que se focar naquilo que pretende ser e sempre foi - líder, poderá novamente ultrapassar a Europa nesta corrida.
Mas acreditem que a cada dia que passa mais me orgulho de ser Europeu.
E do Sporting Clube de Portugal também. Então agora com o Dias Ferreira candidato já temos o campeonato ganho, não é Vitor Paulo? Mais manhoso do que este é difícil.
